Estudante o maior patrimônio da universidade

É importante colocar-se essa questão em debate, pois o que observamos é um grande zelo a respeito do patrimônio material existente nas universidades públicas. Porém o maior patrimônio desses lugares não são as cadeiras, equipamentos eletrônicos e nem mesmo o professor, porque estes não têm função alguma sem uma peça fundamental nesse meio que é o estudante.
Sem esta figura não há porque de haver a criação dessa instituição, porém a precarização da educação desde a sua base tem grande impacto no âmbito da educação superior. Já que a gradual privatização do ensino tem levado a queda da qualidade do ensino público, pois o que observamos nos últimos anos são projetos que tiram dinheiro dos cofres públicos para investir em empreendimentos particulares de ensino ou projetos que tentam ampliar o número de vagas ser a criação de um espaço existente para abrigar a nova demanda de estudantes.
Você pode ainda não ter percebido mas estou falando do Prouni e Reuni, ambos projetos do atual governo visando o “melhoramento e ampliação” do ensino. Você sabia que o investimento do Prouni para criar uma vaga numa faculdade privada podería-se criar três vagas numa pública? Não é a toa o aparecimento de faculdades particulares no país.
Essa foi uma medida paliativa do governo amenizar a situação do ensino superior no país, dizem ter democratizado a educação mas se um aluno ganhar meia bolsa do prouni dependendo do curso escolhido dificilmente este conseguirá continuar o curso, já que os preços são exorbitantes.
Uma universidade é pautada em três eixos: ensino, pesquisa e extensão. O ensino é oferecido por qualquer instituição de nível superior seja ela pública ou privada, a pesquisa que é o financiamento para produção científica a respeito de algum tema e a extensão que é a aplicação dos conhecimentos. Estas últimas restringem-se sobretudo nas universidades públicas.
O prouni apenas oferece bolsas de ensino superior, ou seja pesquisa e extensão ficam de fora. Aí fica uma pergunta, como desenvolver um país sem pesquisa e extensão nas universidades? As faculdades particulares não produzem pesquisa, e isso fica a cargo das instituições públicas, pois são as únicas que demandam de bolsas de iniciação cientifica e que também são bem poucas, além de serem poucas também as bolsas de extensão.
E o que falar do reuni, outro projeto querendo entupir as salas de aula, abrindo cursos sem a criação e modernização das universidades e o pior sobrecarregando a carga horária dos professores. Ou seja, não cria uma estrutura para acomodar a nova demanda de estudantes e nem diminui o déficit de professores existente nas intuições públicas.
O estudante do ensino público superior enfrenta muitos problemas como: professores: com metodologias ultrapassadas, faltam demasiadamente ou número insuficiente; bibliografias defasadas ou déficit das mesmas, cursos sem estrutura para atender a necessidade curricular do curso, restaurantes universitários que não atendem a demanda do número de alunos da instituição sem contar no tempo que se espera pela refeição, os estudantes da noite não contam com os órgãos administrativos abertos assim como não há o funcionamento dos restaurantes universitários, ônibus interno do campus precário, e conta com apenas um ônibus para transporte de estudantes para viagens de congresso sendo que o número de cursos é muito grande, portanto não supre a demanda da universidade; falta de segurança no campus universitário e esta segurança é apenas patrimonial, ou seja está lá apenas para manter os prédios e equipamentos da universidade e esquece do seu maio patrimônio os estudante.
Poderia ficar descrevendo uma série de coisas a respeito do que passa um aluno de uma instituição pública de ensino superior. Você pode achar isso revoltante e realmente é! Porém, quando os estudantes resolvem reivindicar os seus direitos, acabam sendo taxados por alguns setores tanto administrativos e até mesmo por uma camada de alunos que não refletem sobre sua própria realidade como baderneiros, arruaceiros  dentre outros. E para você, tentar melhorar a realidade em que se vive é baderna? Fazer jus aos impostos do cidadão brasileiro para que tenha uma UNIVERSIDADE PÚBLICA GRATUITA E DE QUALIDADE é arruaça? Se buscar ser atendido em suas necessidades é bagunça então vamos ficar em nosso cotidiano esperando que as coisas aconteçam num passe de mágica.
Essa universidade descrita tem pouco mais de 50 anos, essa instituição tem vários campi espalhado no estado do Pará. A situação descrita é a do campus da capital Belém, se na capital é assim imagine nos campi do interior do estado. Essas são dificuldades dos estudante da Universidade Federal do Pará – UFPA.


Renan Nogueira do Nascimento – Discente UFPA 5° semestre de Turismo

Luciana Souza

Concluiu Especialização em Gestão de Projetos pela Universidade Católica de Brasília UCB/DF. Possui graduação em Turismo pela Universidade Federal do Pará (2012) e formação técnica em Planejamento e Organização de eventos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (2008). Atualmente é diretora regional e consultora de vistos consulares na empresa Globalvisa assessoria internacional. Tem experiência na área de Turismo, com ênfase em agência de viagens, consultoria de visto americano, organizadora de eventos e já lecionou aulas de etiqueta empresarial, telemarketing, marketing pessoal, relacionamento, comunicação, recepção de eventos, relações interpessoais, ética e atendimento ao publico.

Este post tem 5 comentários

  1. Louriene

    A possibilidade de ingressar numa faculdade e cursar um ensino superior é direito de todos, direito esse adquirido por meio de muito esforço, lutas e reivindicações de todos os que ingressam ou ingressaram em faculdades particulares ou públicas, e daqueles que possibilitam esse acesso aos estudantes brasileiros. É fato que os problemas encontrados nas faculdades públicas e a inacessibilidade à educação superior são reflexos de uma cultura de exclusão histórica. Não digo somente uma exclusão a educação, que é um fator primordial ao desenvolvimento de uma nação, ou vamos menos além disso, de uma família. As exclusões que falo, são exclusões a direitos básicos constantes na constituição federal, mas não porque constam também na CF, mas porque são direitos humanos que deveríamos desfrutar desde o nosso nascimento até após a nossa morte, com a continuação dos direitos concedidos às gerações futuras (nossos filhos, netos, bisnetos,…). Essa exclusão histórica dos direitos a educação, saúde, saneamento, emprego, alimentação, lazer etc, etc, e etc, formam uma cadeia que constituem a sociedade marginalizada do Brasil, do qual pessoas que se encontram nesse vínculo de exclusão aos direitos sociais básicos necessitam de políticas de inclusão à medida das possibilidades atuais. Essas políticas não são fáceis de serem desenvolvidas, muito menos aplicadas, mas o fato é que elas demandam de tempo a longo prazo de planejamento e execução para obtenção de resultados futuros, com o cuidado de serem feitas medidas imediatas para a inclusão (meio complexo e contraditório, mas é assim). Portanto, sabemos que o ideal seria proporcionar uma qualidade de ensino elevada desde a educação infantil, passando pelo ensino fundamental e por conseguinte o ensino médio, para que estes cidadãos que tiveram ensino de qualidade desde a infância tenham a possibilidade de concorrer a uma vaga no ensino superior público que por sua vez possui métodos de exclusão para o ingresso no mesmo. Portanto, é fácil criticar quando não se está do outro lado, necessitando de educação (tema abordado) de qualidade e de ingresso ao ensino superior. Sinceramente, é preciso ir bem além dos assuntos abordados, das causas e efeitos, para se fazer críticas concisa a respeito de assuntos tão delicados, polêmicos e complexos.
    Toda a forma de inclusão é válida, devemos ficar felizes e lutar para que essas formas de inclusão social realizadas de forma equivocada (talvez), sejam melhoradas, mas não extinta.
    È muito fácil ingressar numa faculdade pública e criticar, todo mundo faz isso, aliás, já conseguiu estar lá mesmo, já comemorou ter “passado no vestibular”, estão só vc tem direito, o outro não tem e não pode ter, tem que permanecer excluído, quem manda não ter estudado, quem manda ter que ir trabalhar para não passar fome, quem manda ter nascido pobre e ter estudado a vida toda em colégio público, quem manda ter sido desmotivado a vida toda para o estudo e ter se tornado um preguiçoso, quem manda ser um vagabundo, quem manda ter nascido em uma família desestruturada, quem manda não ter tido possibilidade de ingressar em faculdade alguma, etc, etc, etc. Sofre pobre, sofre, vc não tem direito a nada. Eu que também sou pobre, mas consegui vencer, sou um modelo de vida pra vc, então vc deveria ter feito como eu e estar aqui na universidade pública FEDERAL, ter passado e agora estar em movimentos estudantis, nada alienado por questões políticas e estar agora lutando contra a inclusão de vcs, seus vagabundos. Vcs tem que sofrer, porque eu sou o melhor.

    Atc.

    Louriene.

  2. Renan

    Bem, acho que vc ñ entendeu o meu artigo.

    Primeiro: todo cidadão independente do grupo social a que pertença, tem o direito a liberdade de expressão, pois o Brasil é um país livre e democrático.

    Segundo: Não sou contra inclusão social, pelo contrário essa é uma bandeira que levanto. Mas se sou contra a forma que se deu o Prouni e Reuni é porque vejo nestes projetos falhas que poderiam ser evitadas. Talvez vc ñ tenha parado pra refletir e perguntar-se, porque o governo ñ investe o dinheiro que é público nas universidades públicas, ao invés de encher os bolsos dos donos de faculdade? Outra coisa se um estudante que tem bolsa parcial atrasar suas mensalidades, porque ele não recebe seu diploma já que está num programa de ajuda universitária?

    Terceiro: Vejo q tens uma visão totalmente deturpada do q é movimento estudantil. Se o movimento atualmente luta contra estes dois projetos (Prouni e Reuni), ñ é pq queiram restringir o acesso de mais estudantes ao ensino superior. Pelo contrário, o q o movimento quer é a ampliação do acesso ao ensino público superior por todos os grupos que compõe a nação. Só que infelizmente ocorre a precarização do ensino público superior e o aumento vertiginoso das faculdades particulares sem qualidade de ensino. E ñ queremos só o aumento das vagas nas universidades publicas, queremos também que o aumento das vagas venham acompanhadas da qualidade do ensino.

    Quarto: Ainda ñ refletistes sobre a importância histórica q o movimento estudantil teve na história do país. Não atentastes q se hoje tens direitos adquiridos como meia passagem no transporte urbano, meia entrada em cinemas, shows e demais eventos culturais, foi pq pessoas do movimento estudantil refletiram sobre a situação e foram em busca de mudanças. Vc ñ deve fazer generalizações.

    Quinto: Faça reflexões mais aprofundadas sobre o modo como o governo vem trabalhando a questão da inclusão. Faça isso sem romantismo ou paixões, tente exercer a neutralidade.

    Estou aberto ao debate.

    Renan

  3. louriene

    Meu caro amigo, é liberdade de expressão, vc expõe a sua e eu exponho a minha sobre a forma da educação no país. É fato que há muito por se melhorar, principalmente na universidade federal do pará (não falarei por outra) que necessita urgentemente de ações que venham de fato proporcionar a melhoria na qualidade de ensino. Vejo pelo nosso curso, que não dá nem pra comentar, se não, não falaria de outra coisa. Mas o que penso sobre o Prouni e o Reuni, pode até ser que um dia mude, mas hoje não vejo motivos suficientes isso. Acredito que se existem falhas, seria necessário a luta para se acrescentar soluções a essas falhas, mas não simplesmente ser contra e movimentar-se pra extinguir o que está sendo feito. Se esses programas são meio de inclusão, por que aniquilá-los? Não, vamos ver uma forma pra inserir os reparos que faltam, mas isso deixo a cargo dos movimentos estudantis, sociais, culturais….
    Outra, não sou contra os movimentos estudantis, e reconheço as conquistas por eles adquiridos, mas não sou a favor de grupos movidos a certos interesses políticos de terceiros, que nem ao menos se dão conta da manipulação sofrida. Pessoas que pensam que pensam, e ao invés de ajudar na construção de medidas justas para o sistema educacional do país, acabam fazendo o contrário.
    Bom, mas falei o que penso. Sou a favor da inclusão e da melhoria na qualidade de ensino. Sou romântica? Sou. Tenho visão romântica sobre a política educacional do país? Pode ser. Mas prefiro ter essa visão romântica ao invés de ser contra a inclusão social.
    Não espero jamais mudar a opinião de quem quer que seja sobre a educação, só espero poder expor a minha (própria) opinião sobre o assunto. O site, aliás muito bem elaborado, parabéns Lu, tem essa proposta de proporcionar um espaço para relatos e desabafos, e foi o que fiz. Obrigado pela resposta, sempre serão bem vindas, e refletirei sobre cada questão a mim direcionada. Abç!
    Atc,
    Louriene.

  4. luciana

    A posição de vcs dois, saõ boas, cada um defendendo seu ponto de vista com argumentos que lhe convem. Gosto disso e confesso que chego a ficar confusa com esse assunto pois vcs relataram coisas do nosso dia-dia que as pessoas passam despercebidas e se acomodam com tudo. obrigada e fiquem a vontade pra essa discursão.

    Abraços

  5. Renan

    Bom, primeiramente ñ sou dono da verdade e quem sou eu p/ tamanho poder.
    Eu gostaria de saber o q vc entende sobre inclusão social e o q seria na sua opinião melhoria do ensino?

    Renan

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